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quinta-feira, 5 de abril de 2007

Nilto Maciel “Na ave da dor” (Paulo Nunes Batista)



Nilto Maciel é poeta. Poeta contista/romancista poeta. NAVEGADOR da nave e da ave (ave! eva!) da dor de ser poeta. Pastor ‘e’a’ dor do Sonho, nauta do Aflito, Sonha’dor da vida, cirandador da rodamarga do mundo... Poeta.

E escreve fácil e danado como que(m) ch’ora. Não cria nem recria palavras: elas são suas, criadas, e o servem como (ele) as quer. Bom piloto do mar da língua, navega seguro e forme, sem temer abrolhos. De suas plagas baturitezanas e seus cearás sertâneos trouxe o gosto da terra, o canto dos galos e a insofridez dos bodes. Nesse seu novo livro – Navegador – à Dor navega, funda e fundo. Talvez mais a que inventa do que a que sofre. E não é sempre assim, com a Pessoa do verdadeiro poeta?

segunda-feira, 2 de abril de 2007

A última guerra de Hirohito (Nilto Maciel)



 
Japonezinho mirrado, já velho, enrugado, banguela. Vigiava carros num estacionamento. Em troca recebia minguadas moedas. Quando a fome apertava, corria ao vendedor de pastéis. Esmigalhava com os dedos a iguaria e enchia a boca de farelos de carne moída e trigo assado. Pedia caldo de cana e sorria. Os moleques o chamavam de “japa”. Ele se zangava, cuspia farelos e pingos de caldo.