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quarta-feira, 13 de junho de 2007

Medeiros e Albuquerque (Anderson Braga Horta)


(Medeiros e Albuquerque)


De Medeiros e Albuquerque se pode afirmar muita coisa; nada, porém, que induza a idéia de ordinarismo ou acomodação. Responsável por algumas das primeiras sementes do Simbolismo entre nós, não se procure nele o contemplativismo de um Alphonsus; narrador e dramaturgo de talento, erra quem lhe suponha a pacatez de um Machado; cronista e tradutor, longe estava da fixidade geográfica de um Drummond, nada inclinado às viagens. Era um homem dinâmico, não apenas no terreno da criação literária; à sua agitada vida pode-se aplicar, sem exagero, o adjetivo esfuziante. Cheia de lances pitorescos, histórias rocambolescas de amores clandestinos, tramas e tramóias nos bastidores do poder, brigas, tiros de revólver (um deles, consoante suas memórias, após arranhar o braço da vítima... “caiu-lhe no bolso do colete”!), cabe-lhe como a poucos o dito “sua vida daria um romance”, ou “daria um filme”. O romance, ele o escreveu em parte (veja-se, por exemplo, o que diz no capítulo “Uma Ordem bem Obedecida”, de Quando Eu Era Vivo...); o filme, bem que o merecia.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Uma página de Robbe-Grillet (Nilto Maciel)




















Quando Jean Denis Lanson esteve no Brasil, o repórter Guido Mocho foi incumbido de entrevistá-lo para o Diário da Tarde.

Segundo o editor, só Guido poderia realizar uma boa entrevista. “Você sabe francês, e basta”.
O repórter quis se esquivar. Ora, não entendia nada de literatura. Quando estudante, havia lido meia dúzia de romances, sem qualquer prazer. Alencar, um chato. Machado, enfadonho. E sempre confundiu Manoel Antonio de Almeida com Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha e Memórias de um Sargento de Milícias lhe pareciam do mesmo autor. “E quem lhe disse que o homem é literato?”