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domingo, 22 de julho de 2007

Uma mulher, infinitas escolhas (Belvedere Bruno)


Zenaide, com oito meses, a barriga pesando, aguardava a presença de Carlinhos, para que ele, enfim, dissesse se registraria a criança.

Carlinhos era mulherengo. Acomodara-se a uma vida descompromissada. Aos 45 anos, ainda estava na casa da mãe, com a desculpa de cuidar dela. Pura questão de economia. O que Carlinhos queria era que sobrasse dinheiro para suas noitadas, que incluíam carteado, bebidas e mulheres. 

What a wonderful world (Belvedere Bruno)


Houve um tempo em que não precisávamos de muitas palavras para viver em sintonia. A vida fluía de forma simples, mas nem por isso com menos emoção. Houve um tempo que sequer percebíamos a escassez das coisas. Tudo parecia perfeito, em plenitude. Recostada a um sofá estilo art-déco, ouço Louis Armstrong – What a wonderful world... Sua voz eriça meus pêlos e, como uma gata, me enrosco, revendo mentalmente cenas de um passado longínquo e ingênuo, quando simples trocas de olhares eram celebradas com tons que só almas puras possuem.