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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sossego (Pedro Du Bois)





















Posto em sossego duplico dúvidas.
Realizo o sonho de estar sozinho. Prospero
a idéia de estar perdido. Evoco o vento
sobre o telhado e me deixo ao ínfimo:


sou da perda o compasso riscado
em geografias. Passo em gestos
o destino em consideração a morte
abstraída ao amanhecer.


Em sossego esqueço o fogo: queimar
o corpo na lentidão da entrega. Afeição
e afeto. Discreto, sigo o caminho.


A solidão me objeta a presença e da imagem
não percebida o sossego me amedronta
em impessoalidade e desprezo.
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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Nanos, Micros e Minicontos (Wilson Gorj)



Advinha
“Uai, como ‘cê sabe que sou mineira, sô?”

Justa Causa
Dormiu no serviço e acordou no olho da rua.

Descaso
A Praça Publica não tinha acento.

e-manchete
ladrão@casa
e leva tudo

Braile
Anchieta escrevia versos na areia.
A seguir, vinha o mar tocá-los com seus dedos de espuma.

Amor imperfeito
No jardim do peito, plantou amores-perfeitos.
Mas do coração dela, só colheu espinhos.

Novos parceiros
Ele mandou-lhe um bilhete:
“Sabe as rosas que nunca lhe dei? Pois então. À outra, eu já dei.”
A resposta dela veio rápido:
“Sabe aquilo que eu nunca lhe dei? Pois então...”
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