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terça-feira, 20 de julho de 2010

Flores & frutos (Pedro Du Bois)



Compre na passagem

um ramalhete simples

e enfeite

a sala de visitas



tenha a visão

do jardim de ontem



aspire o perfume

como sonho encontrado

de situações futuras



refaça as flores no vaso

retire as hastes

diminua o tamanho

equilibre a disposição

entenda a beleza

decorrente da combinação



a sala resplandece nas cores

silvestres das flores

e o jardim se faz breve

na efemeridade

da vida e morte.

(Pedro Du Bois, em FLORES & FRUTOS)
/////

domingo, 18 de julho de 2010

Versos frios (Silmar Bohrer)


Andei buscando no frio

algum versinho faceiro,

mas o pensar é vazio

neste inverno caborteiro.



Típica tarde hibernal,

os ares, a névoa, chuvinha,

meus versos, a ladainha

do meu mundo magistral.



Ventos ora vêm, ora vão

nestas borrascas julinas,

e parecem assombração

em cantorias cantorinas.



Daquelas tardes sombrias

sem nenhum encantamento,

eu e os versos num só lamento

metidos em borrascas frias.



Hora de juntar os pelegos,

tempo de sombra nos caminhos,

cobertor de orelha, arreglos,

os meus versos e meus vinhos.



Pássaros cantam chorosos

nos ramos, na galharia,

reclamam em cantoria

destes dias hibernosos.



Santos ventinhos julinos

já totalmente hibernais,

ventos lúgubres, teatinos,

clamais, chorais, penetrais.



Nesta borrascas de julho

o tempo é mesmo inclemente,

fazendo de cada um impotente,

reduzindo eu e você num bagulho.



Os ventinhos hibernais

que chegam das cordilheiras

são mensagens ligeiras

que passam e não voltam mais.



Borrascas, borrascas, borrascas,

sombrias, sombrias, sombrias,

nevascas, nevascas, nevascas,

invernias, invernias, invernias.



Daquelas manhãs hibernais

tipicamente geladas,

a aura, as brisas molhadas

têm os modos infernais.



Andam ventinhos hibernais

neste julho, nas borrascas,

respiram viventes às vascas

com os friozinhos que tais.

15/07/10