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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Exílio (Pedro Du Bois)




No exílio de mim mesmo

passeio tranquilas saudades

em parques verdejantes. Viajo florestas

e mares. Estou na solidão da espera:

avisto navios ao longe.

Não tenho curiosidade em aportar

ao marujo e pedir noticias.

Não é minha hora de chegada.

Retorno na calmaria: ondas

maravilham a terra escorraçada,

meu corpo ilhado em pedras.


Chegar é mistério atravessado ao fio

do desencontro.


http://pedrodubois.blogspot.com/

http://www.veropoema.net/interna.php?page=5&action=show&id=1278

http://luis-eg.blogspot.com/2010/07/dilemas.html

http://vidraguas.com.br/wordpress/2010/07/27/marcas/
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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Passantes ou ficantes? (Simone Pessoa)

(Quadro de Chico Lopes)


simoneps@fortalnet.com.br

No momento em que escrevo esta crônica, sinto como se outras mãos me ajudassem na elaboração. E não seria diferente, já que, ao longo da vida, encontrei (ou esbarrei em) tanta gente que, inevitavelmente, me legou um pouco de si. Muitas me acompanharam no trajeto por longas distâncias e deixaram marcas indeléveis. Dessas, algumas, para minha alegria, ainda hoje são presentes. Outro tanto de gente acabou tomando outros rumos, atalhos talvez. Houve quem desse meia volta e retornasse não sei para aonde. Algumas, fui eu quem largou pelo caminho. Uma porção apenas atravessou minha estrada no traçar de suas próprias trajetórias. E nesse intercruzamento de percursos, resolvi me deter naquelas que assinalaram minha existência, por instantes que fossem, sem que eu tivesse mais notícias.

Onde andará a Deusimar, minha primeira babá? Dela guardo uma única foto em que, atenta, me segurava nos braços. Ainda estará nesta dimensão? Bill, um garoto do jardim da infância com quem gostava de brincar? Assim como a Sayonara e a Marta, minhas colegas de alfabetização no João XXIII. E o Antônio Neto, também colega daquele colégio, que me ofereceu emprego na fábrica de vassouras do pai?

O Maranguape, o picolezeiro que nos tentava diariamente com seus picolés de ameba deliciosos? Ainda empurrará sua carrocinha pelas ruas da cidade? Seu Jaques, dono da mercearia da esquina da Padre Valdevino com Nogueira Acioly, creio, já não está entre nós.

Onde andará minha colega France, do colégio Cearense? Tão espirituosa, a France! Mas não suportava o apelido que a turma lhe imputou e que não ouso revelar para poupá-la de possível dissabor, caso esta crônica chegue às suas mãos. E por falar no colégio marista, onde andará a Cassundé, austera professora de matemática? A Germana, funcionária sempre de prontidão na secretaria? Tenho curiosidade de saber se o Irapuã, um colega do primário e filho de um funcionário do colégio, se tornou médico, como anunciava naqueles tempos.

O Mauricex Cascavel, meu rival em disputas de ping-pong? A Maura e o Mauro, dois irmãos, cujos rostos não lembro, do tempo em que frequentei a então nativa praia das Flexeiras, onde andarão? O Domingos, o Homero, a Jofo, o Mozart, a Astrid, a Ieda, o Moisés, a Lia – já escrevi sobre ela -, a Virgínia, a Neyla, a Laydilane, a Julieta, o Morais, o Cláudio Henrique, a Tomires, a Nely, os irmãos Marcos e Ilana, a Jonilce... A lista é sem fim. Pessoas de quem ainda lembro os nomes e posso vislumbrar as expressões. Outras, sem rosto, mas que deixaram, pelo visto, algo que guardo em mim.
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