Depois de permanecer inédito por mais de sessenta anos, o manuscrito veio a público e o livro desde logo se tornou um dos grandes textos da literatura sobre a II Guerra Mundial. Ao contrário de muitos outros, que foram escritos a posteriori, após os fatos narrados, como páginas de memórias, este foi composto na época contemporânea dos acontecimentos, ao calor dos fatos, quando tudo ainda estava verde e seu impacto repercutia na sensibilidade do narrador. Estou me referindo ao livro “Eu sou o último judeu”, de autoria de Chil Rajchman, publicado pela Editora Zahar, neste ano de 2010. Ele contém o relato direto e cru, sem adornos literários, dos terríveis dias vividos pelo seu autor no campo de extermínio de Trenlinka, na Polônia, entre 1942 e 1943. É difícil imaginar que alguém tivesse suportado tantos e tais sofrimentos e ainda pudesse sobreviver sem perder a razão. O autor e outros sobreviventes (foram 57 no total) é que eram – estes sim – os verdadeiros super-homens! E o mais interessante é que o relato não é carregado de ódio acumulado, mas a exposição de algo consumado contra o que nada mais poderia ser feito e nem poderia ser alterado. Aconteceu assim e como tal foi relatado pelo autor.
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010
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