(A morte de Cleópatra, de Reginald Arthur)
Pelas mãos de Clauder Arcanjo, chegou-me exemplar de Sabor de amar (Mossoró: Sarau das Letras, 2010), de Paulo de Tarso Correia de Melo. No exato momento em que o carteiro me entregou o pacote, eu conversava no meu escritório com um amigo. Não lhe direi o nome, para evitar atritos. Revelo apenas suas iniciais: AM. Adianto, porém, que não se trata de Airton Monte, nem de Airton Maranhão nem de Armando Monteiro. Rasguei o papel do embrulho, lambi a capa, folheei o volume. Curioso, AM olhava para o presente com olhos de quem comeu e não gostou. “Posso dar uma olhada nisso?” Entreguei-lhe a publicação e ouvi a primeira sentença: “O título é muito pobre”. O sangue me subiu às têmporas. Tive ímpetos de o expulsar de minha mansarda. “Ora, meu amigo, o título não é tudo”. Ele se aproveitou de minhas palavras para se fazer mais cáustico: “Se fosse tudo, os livros só teriam capa”. Senti-me ofendido. Mas ele continuou a diatribe: “A apresentação desse Clauder ainda fala em “musa inspiradora”, “profundo domínio da forma”, “inspiração dos aedos”. Tomei-lhe o impresso, com fúria, mudei de assunto e lhe ofereci veneno. Não sei se morreu a caminho de casa (não, não morreu, como vocês verão mais adiante), mas se retirou, trôpego e mudo, meia hora depois.