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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Final (Pedro Du Bois)




No final do dia


aproximado ao cansaço


trazido dos ofícios


não estou


presente. Ausentado ao tempo


não traduzido, esmaecido


nos alvoreceres da noite




amanhecido em finais


de tardes recompostas




minha ausência despercebida


em minúcias: a estrada


bloqueando a entrada.


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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Monte de leituras

Caros amigos, iniciei hoje uma série especial (em cinco partes) sobre o grande Lawrence Durrell, autor de O quarteto de Alexandria. Caso haja interesse nesse e em outros post, acesse www.armonte.wordpress.com


Obrigado a todos, e um grande abraço. Alfredo Monte
 
(Trecho)
 
A primeira leitura que fiz, ao mudar para a rua Messia Assu, onde residi por dezoito anos, foi a de O quinteto de Avignon (1974-1985), de Lawrence Durrell (1912-1990). Agora que me instalei em outro lugar, numa casa na avenida Marechal Deodoro, estou me ocupando novamente—como “leitura inaugural” e como rito propiciatório—com o “quinconce” durrelliano, me valendo da mesma tradução de Waltensir Dutra, publicada pela Estação Liberdade entre 1989 e 1992 e que batizou meu período de vida no meu saudoso apartamento.


No ano da minha mudança para a Messia Assu (1992), eu já lera os dois primeiros volumes, Monsieur ou O Príncipe das Trevas (na tradução portuguesa do grande Daniel Gonçalves, o mesmo de O quarteto de Alexandria), e Livia. Este, apesar de traduzido competentemente por Margarida Vasconcellos Dias (lida por mim, numa série publicada pela Abril Cultural nos anos 80), apresenta uma série de erros, a começar pelo subtítulo, Enterrada viva (de fato, é Enterrado vivo, referindo-se explicitamente ao escritor Blanford), e outros detalhes menores, como transformar a lésbica Trash num homem. Tais deslizes se deram porque Margarida Vasconcellos Dias só deve, possivelmente, ter lido o volume que estava traduzindo, e se Durrell oferece várias armadilhas aos seus tradutores mais constantes, como o próprio e brilhante Daniel Gonçalves (que desabafou: ”Durrell pretende algures que o autor tem o direito de escrever até aquilo que ele próprio não sabe o que quer dizer, mas abusa desse direito criando extremas dificuldades ao tradutor que, nessas circunstâncias, encontra-se impossibilitado de concretizar o dever de fidelidade ao pensamento—confuso, impreciso, inexistente—do autor”), imagine se a pessoa tiver conhecimento mais limitado da sua obra e do seu estilo intrincado e (auto)alusivo.

(Continua)
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