A CELEBRAÇÃO DE SANTA BÁRBARA NA BAHIA: MISSA FESTIVA, PROCISSÃO E CARURU
Mais de 12 mil pessoas no Largo do Pelourinho. Sábado, 4 de dezembro, bem cedinho. Milhares de pessoas celebram Santa Bárbara, a maioria vestida de vermelho. É uma belíssimo momento do sincretismo religioso na Bahia. Bárbara é santa católica. E Iansã, do candomblé ketu, ou Bamburucema do angola. Mas todos a conhecem como Bárbara ou Yansã, padroeira dos bombeiros. Emociona a intensa participação popular, a devoção dos fiéis, a força interior daquelas pessoas, muitas descendentes de escravos. A missa festiva celebrada no Pelourinho é bela e tocante. É completa a integração entre a liturgia católica da missa e os cânticos das religiões afro-brasileiras, tão fortes na Bahia, apesar do fundamentalismo de algumas seitas evangélicas, que procuram destruir – até com violência – tais tradições. Arrepia escutar aqueles cânticos das religiões afro-brasileiras escoando no Pelourinho, junto com a devoção e a liturgia católica, que marcaram tanto a minha vida – de um menino a um sexagenário. (É como se a energia de uma força maior atravessasse aquelas pedras de tantos séculos, enquanto o povo todo cantava, contra a violência, o individualismo, a carência de compaixão, e a sensação de que a vida vale cada vez menos.) Vou mais longe: assistindo à missa, com aquele povo todo reunido no Pelourinho, tive a sensação da recuperação do Sagrado num mundo cada vez mais dessacralizado e materialista.)