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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A técnica da enumeração em Carlos Trigueiro


W. J. Solha

Ao ler a série de contos de “Confissões de um Anjo da Guarda” (Bertrand Brasil, 2008), de Carlos Trigueiro, autor de outras obras marcantes, como o “Livro dos Desmandamentos”, “O Clube dos Feios” e o “Livro dos Ciúmes”, volto a me encantar com seu estilo denso, amargo, enxuto, sarcástico, e a me intrigar com o que acabei percebendo ser um de seus sestros de notável artífice da palavra: o uso recorrente da enumeração como forma de ampliação visual e conceitual dos relatos.

Estudos cabralinos* (Daniel Mazza**)



Dos estudos sobre João Cabral de Melo Neto é lícito asseverar que por baixo da sua ponte poética muitas águas já passaram e, nada há que indique alguma corrente contrária, muita água ainda passará, embora, para permanecer na figura de linguagem, águas cada vez mais rasas à medida que se afastam do seu nascedouro − leia-se, aquela meia dúzia de publicações seminais que deslindaram quase que in totum a poética do poeta pernambucano − dessa forma mais contribuindo para a extensão do que para a profundidade das análises. Entenda-se: é que João Cabral de Melo Neto valendo sozinho por toda uma escola literária − o que, em princípio, poder-se-ia dizer tratar-se de uma fonte de estudos quase inesgotável – teve a peculiaridade de escrever, em versos, um tratado de poética, da sua poética, no íntimo de muitos de seus poemas, deixando para seus exegetas, sobretudo, o trabalho de mapear, em sua obra, a concepção de linguagem poética inescapável à sua personalidade e, por extensão, as ferramentas estilísticas de que se valia para construir a sua poesia.