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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rosângela Vieira Rocha e a arte de fisgar leitores

Nilto Maciel
(Rosângela Vieira Rocha)


Em 2006 recebi de Rosângela Vieira Rocha exemplar de seu Rio das Pedras (Brasília: Secretaria de Estado de Cultura, 2002). Na folha de rosto está escrito: “Para Nilto Maciel ofereço esta novela, escrita há mais de vinte anos, embora tenha sido publicada somente em 2002... Esses fatos fazem parte da nossa história, que é a história da maioria dos escritores brasileiros. Com a amizade da Rosângela Vieira Rocha. BSB, 21/10/06”. Agora, passados quatro anos, ela me enviou mais dois volumes: Pupilas ovais (Brasília: LGE Editora, 2005) e Fome de rosas (Brasília: Nossa Cidade Editora, 2009).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Decór Ação (Raymundo Netto)

Decór

Ação
(Heart, 2009, Kathy Mueller-Moser)



Vem de lasso o coração.

Na noite quente estrelar em fogo

Espelha-se num vogo mar de vagas a devagar.


Vem de vasso coração,

Nos vermes que roem as notas tristes da canção

Na trilha arena de areias entre as cenas a espraiar.

Vejo-te à noite, laxo, a desprender no céu um facho enluarado

O peito aperta e apertado espreme a lembrança da lança no peito a lancinar.

Um teu sorriso doutro me chega como em chamas que me chamam, e enchamado,

Posto em mim, trago a sem telha amarga do não abrigo

E comigo a lembrança esporeada — tarda música maculada,

E o fardo impenso da espera.

Derramam-se por trago chão, as migalhas do que sou em pão.

Em ti, do que sou, em pão e viscera.


Vem de lasso o coração.

O que move-se e morre-se a todos os teus dias;

O que vai de mim contigo quando te sais;

O mesmo que não me deixa quando então se foi;

O que é por nunca ter sido só e apenas;

O que me’dula mais do que a ti.

O teu, pois que a mim não-afora pertence

Qual pensa mente perdida no vão

Dos teus castanhos entretidos na distância vazia de

uma minha saudade

De esta tua boca, que quando silencia, finalmente, se entrega

E fala mais do que as tuas seguras palarvas.

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