Pois então o patrão me chamou pra móde um particular no escritório da Fazenda. Caboclo meio xucro, nascido e criado no guachivo, entrei um tanto encabulado naquela sala do chão liso da cera aonde ele só proseava com grandões de negócio ou de eleição. Elísio Leite Preto, por apelido Nhô Pré, dono e senhor da “Primavera”, o maior fazendão daquelas bandas, estava sentado numa cadeira estofada, atrás da mesa grandota, e tinha um jeito preocupado. Em cima da mesa descansavam o revólver WS.38, niquelado e com cabo de madrepérola, e o rabo-de-tatu de couro reforçado que ele carregava, batendo nos canos da bota quando se incomodava. O cabelo já branqueava dos lados, por riba das orelhas, mas a feição morena, tostada do sol, se mostrava lisa e firme. Sojeito rico e rijo, Nhô Pré sempre foi cainho de prosa e o chamado dele me deixou encasquetado, excogitando sobre o que havéra de ser. Entrei ressabiado e com medo de escorregar no liso daquele chão. Mesmo sendo o capataz, homem de fiança, pouco tinha pisado naquele lugar. Assim que entrei ele mandou fechar a porta e apontou uma cadeira.
– Buenas, patrão! – disse eu, tirando o chapéu de aba larga.