Certa crítica, se quiser de fato tornar-se contemporânea, deve reagir contra o distanciamento que cria entre si e as obras, quando paradoxalmente quer aproximar-se das mesmas com seus métodos. Lendo os contos do livro — sem maiúsculas — “vida cachorra”, de Mariel Reis, de imediato percebemos a simplicidade imprópria do método que alguns críticos consagraram à literatura que localizam nos subúrbios ou nas periferias. A análise majoritariamente feita (e malfeita) assevera que essa literatura é mimética. Para tais comentadores, a obra do autor espelha a sua realidade, devendo adequar-se a ela para ter sua fundamentação e embasamento. Uma concepção que, além de mutiladora, é irônica, posto que se uma obra não realiza por si o real, também o real — conclui-se — não poderia engendrá-la como obra sua. Não poderia ser, portanto, a base e o fundamento de sua adequação.
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quinta-feira, 7 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Ribalta nordestina (Clauder Arcanjo)
A tragédia realiza-se entre espinhos e cactos;
Dramas, entreatos de homens e bichos, famintos.
A trilha sonora é o ganido de cães lazarentos,
E o chafurdo incontido, cio das magras animálias.
A comédia só se apresenta, personagem vulgar,
Quando a cortina de Tânatos desce seus panos.
E o riso a espoucar nas bocas desdentadas, livres da desdita.
Bravos! Bravos! Bravos!... Ópera-bufa na ribalta nordestina.
Contato: aclauder@uol.com.br
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