(Pedro Salgueiro, Carmélia, Nilto, Aíla Sampaio e Raymundo Netto, numa festa literária, em Fortaleza)
Achava-me numa praia, sentado na areia. Ninguém à vista, nenhum banhista, nenhum pescador. À esquerda, centenas de pequeninas tartarugas corriam para as águas. Como se aquilo eu visse todo dia, voltava a olhar para o mar. Que fossem cumprir seu destino. Pássaros sobrevoavam as ondas. Aqui e ali, salpicavam luzes na crista agitada do monstro. Ondinas em constante saltitar. Uma delas, porém, me pareceu mais nítida, insistente, como se viva estivesse. E crescia aos meus olhos ou de mim se aproximava. Que seria? Como me fazia falta um binóculo! Não, não precisava disso. O corpo, cada vez mais próximo de onde eu me encontrava, lembrou-me uma sereia. Primeiro vi os cabelos molhados, longos, escuros. Rosto de mulher. Mostraram-se o pescoço, o colo, a veste branca. Não nadava, flutuava. Assustei-me, cocei a cabeça, esfreguei os olhos. Meu Deus, vinha ao meu encontro aquela mulher saída do mar! A sorrir, faceira, pernas à mostra.