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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Réquiem para uma ilha (Emanuel Medeiros Vieira)

(Para aqueles que a conheceram – no fundo)




Já é tarde para consertar.
Não, não serei nostálgico.
Não falarei de quintais, de árvores.
Já é tarde para consertar – repito.
O modelo urbano foi esse: poeira, pó e ganância.

domingo, 18 de setembro de 2011

A bolsa e o Channel (João Soares Neto)


Não dormira bem, apesar do velho Vallium que a acompanhava havia anos. Acordara cedo e sentira o absorvente higiênico empapado. Foi ao banheiro, tomou uma ducha quente demorada, penteou os fartos cabelos ruivos, cuidou da maquiagem com tudo que Esther Laudée oferecia e mirou o corpo no grande espelho embaçado pelo vapor. Passou a manga felpuda do roupão Gucci e gostou do que via. Era ainda a moça bonita que largara tudo em Chicago e recomeçara a vida em Nova Iorque, a cidade que lhe dera aquele pequeno, mas valioso loft em TriBeca. Solitária, mas tinha os seus homens. Usava-os, dava um beijo de despedidas, lavava-se, tomava o seu Vallium e deitava solitária na larga cama entre lençóis de seda e fofos travesseiros que abraçava em posição fetal.