(Astrid Cabral)
De ano em ano, de dois em dois anos, me encontro com Astrid Cabral. Não sei a regularidade desses encontros. Não, não há regularidade nenhuma. Se houvesse, seríamos amantes seculares, aqueles de contos fantásticos.
A penúltima vez que estive com Astrid aconteceu em Fortaleza. Terá sido em 2010? Fomos, eu e Soares Feitosa, ao hotel onde ela se hospedara. Brincou, ao telefone: Ela é jovem e bonita? Respondi, como bom amigo: Se fosse velha e feia, eu não o levaria até ela. Na verdade, eles se conheciam, sim, não de apertar as mãos, abraçarem-se, mas de se lerem. Porque todos os bons poetas leem uns aos outros. Fomos ao restaurante do hotel e o almoço durou cerca de três horas. Enquanto falavam de poesia, eu me mantinha calado, a comer o pão que nem Deus amassaria.

