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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Seis livros de versos e uma preguiça de sétimo dia (Nilto Maciel)


Não gosto de misturar alhos com bugalhos, mas este encargo de divulgador de livros me sujeita a fazer o que não quero. Por mim, todo dia escreveria um artigo ou uma resenha. Entretanto, o tempo é curto como o meu lençol e a preguiça longa como a do início do mundo. Para não ser tão (desculpem o jogo de palavras) confuso, selecionei para esta nota seis tomos de versos e deixei os de prosa (de ficção e ensaística) para outro dia. Como tenho afirmado, sinto enorme dificuldade de escrever, quer sejam as mentiras de que são recheados os meus escritos ficcionais, quer as verdades (informações) que compõem meus rabiscos jornalísticos, como este. Porém, deixemos de lorotas e vamos aos impressos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Imanência (Emanuel Medeiros Vieira)

“Deve-se aprender a viver por toda a vida, e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”. (Sêneca: 4aC - 65 dC)



Galos na madrugada
galos no coração
em nuestra América.
Solar manhã: me contamina com os teus raios.
Garimpeiro ainda sou.
De barras de ouro?
Não: da perdida emoção, do sonho escondido no sótão.
Parabólicas afetivas – o menino e o velho,
sou um rio cheio de afluentes,
migrando sempre,
tão longe, tão perto.
Esse estatuto de miséria não é o nosso.
Famélicos de infinito: mapas tortos, bússolas quebradas.
E meu pai aparece na luminosa manhã – e ele já se foi há tanto tempo.
“Pais, nossas orações estão cheias de sujeitos ocultos, predicados mesquinhos, verbos frágeis.”
Ele só escuta – terno preto, aliança, colete, chapéu, relógio de algibeira.
Tudo é descartável, pai, nada fica.
Ele sorri, vai embora.
E o subcutâneo domingo irrompe além da pele.
E me lembro de um circo mambembe que ficou no subúrbio,
O mar já não me alcança – e a juventude longe.
Do dia, quero o sumo, não só o travo – e um piano corta a tarde.

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