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segunda-feira, 5 de março de 2012

A noite (Teresinka Pereira)


 
Todos falamos do tempo
e queremos nos esquecer
que a madrugada
é irreversível.


Quem sabe se o verso
que desconhece o calendário
e ignora o tique-taque do relógio
pode desafiar a noite
e transpor a viagem dos dias
sem medo da escuridão,
sem medo do pecado,
certificando-se em cada minuto
que vivemos o escolhido
e único paraíso do amor?

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domingo, 4 de março de 2012

A pungência do real (Henrique Marques-Samyn)




No prefácio a Intramuros, cuja primeira edição foi publicada em 1998, Fausto Cunha reconhece na obra um livro de maturidade, em que se equilibram duas linhas presentes desde sempre na poesia de Astrid Cabral, já anteriormente rastreadas por Lélia Coelho Frota: “a fenomenologia do mundo real e o conhecimento dos arquétipos”. Com efeito, a partir da síntese dessas duas modalidades cognitivas, Astrid Cabral foi capaz de elaborar uma poética inconfundível, cuja postura perante o mundo sempre opera conciliando a intuição e a sensibilidade; quando a isso se soma a elevadíssima qualidade formal de sua poesia, torna-se facilmente compreensível o lugar de destaque por ela já assegurado entre os grandes nomes da poesia brasileira.