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quarta-feira, 28 de março de 2012

Paradeiro* (Geovane Fernandes)



Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. João Guimarães Rosa

Era um homem de uma demora nos modos, não mais que distração. Acordava tarde, eis que nas noites se ocupava de sua existência surpreendida numa cama. Deitava-se qual uma sobra da vida, um extra do dia. E vivia mais à noite; era vasta a vida de uma só vez, a expansão das pálpebras teimosas, resistentes e vigilantes.

terça-feira, 27 de março de 2012

Quatro epigramas (Hilton Valeriano*)


(Ariadne e Bacco, do pintor neoclássico Antoine-Jean Gros)

Marta, para todas as horas possíveis o amor.
Assim o ciclo remissivo das estações
traz à primavera a esperança em flor.


*
Marta, preciso é o tempo a recobrar sua lição.
Assim a complacência dos gestos e sua missiva.
Circunscrito no horizonte da palavra
o amor é mais que uma definição.


*
Marta, assim principia o amor:
Inelutável como a aurora,
a luz do Criador.


*
Semeiam as vagas a inconstância e o porvir.
Pranteiam as flores o efêmero jardim.
Porém, com vagos e remotos sonhos,
celebram, os insanos, a glória de serem humanos.

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*Hilton Valeriano. Professor de filosofia na Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo. Editor do blog Poesia Diversa (www.poesiadiversidade.blogspot.com), com poemas publicados em revistas como Zunái, Germina, Sibila, Jornal de Poesia, Diversos-afins.

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