(Tércia Montenegro)
A leitura de O tempo em estado sólido (São Paulo: Grua, 2012), de Tércia Montenegro, me levou aos seus primeiros livros: O vendedor de Judas (sobre o qual me debrucei por uns dias e escrevi um artigo), Linha férrea e O resto do teu corpo no aquário. Levou-me também aos conceitos de conto, relato, narrativa, história, fábula, alegoria, etc., da ampla família que vem dos tempos das lendas (trechos da Odisseia, da Bíblia, etc). Não quero, porém, me perder em comparações e, muito menos, em conceituações, definições, lucubrações de teórico da literatura, que não o sou. Admito, porém, estar diante de uma escritora talentosa. Seria exagero falar de excepcionalidade. Ou tecer frases de puro elogio, como “prosadora que veio para inovar a ficção”. Nada disso: Tércia, ao contrário de muita gente cheia de títulos na testa, lê, relê, escreve, reescreve, corrige, suprime, modifica o que inventa, incansavelmente. Como qualquer ser humano dedicado às letras, consciente de seu ofício e sabedor de que fama e sucesso são apenas ilusão.