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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uns aforismos (Hilton Valeriano)


27
No sexo, o amor partilha apenas a desesperança de um ato incólume.

29
No amor pagamos tributo de nossos defeitos assim como de nossos melhores intentos.

37
No sexo, o pudor é o estigma pelo qual o espírito ainda faz-se pulsar.

42
A insuficiência do homem advém do fato de que ele morre e de que nada pode ser feito ou remediado por aqueles que permanecem vivos.

43
Na morte tudo nos remete à vida.

44
Não raro, na iminência da morte consentimos em viver.

45
Se a morte possui uma dimensão trágica, essa reside no encerramento definitivo de todos os fatos, pois a vida não tolera dimensões definitivas.

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A indesejada das gentes (Enéas Athanázio)

(Jair Francisco Hamms)

Mal se embalava o janeiro deste novo ano e já a Indesejada das Gentes, como diria o poeta, anunciou sua implacável presença. Logo pela manhã do dia 11, corria a triste notícia: falecera em Florianópolis o escritor e acadêmico Jair Francisco Hamms (1935/2012). Amável e simpático, aliou tais qualidades ao reconhecido talento para o conto e a crônica, registrando como raros outros o modo de ser dos ilhéus em seus leves e humorados textos. Numa enquête realizada por um jornal eu o apontei como um dos maiores cronistas daquela época, posição que não perdeu com o passar dos anos, mesmo tendo surgido tantos outros escritores. Nos jantares com escritores que promovíamos na época em que residi em Blumenau, ele foi um dos convidados mais destacados. Além de bem escrever, foi hábil narrador de casos envolvendo a gente de Florianópolis, da qual foi atento observador.