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sábado, 7 de julho de 2012

Por que escrevemos? (Emanuel Medeiros Vieira *)




Começamos escrevendo para viver e acabamos escrevendo para não morrer. Para quem edifica palavras mal rompe a aurora, escrever é inadiável e urgente, mesmo que nada externamente nos obrigue a isso. Mas a necessidade interna é visceral, orgânica, chama e fogo, flecha, algo colado à pele. Não conseguimos escapar desse apelo. Escrevemos para perdurar, para vencer a poeira do tempo, para despistar a morte, para regar nossos fantasmas e (por que não?), para amar e se amado. A literatura é o refúgio da sinceridade num mundo de pose. “A literatura é um apelo de fogo, onde mora meu desespero, a minha inquietação e o meu paraíso”, escreveu alguém. Eu sei: tento escrever um hino de amor à palavra. Qual a maior viagem (interior) que podemos fazer, senão aquela que é um mergulho no livro, nesta criação de outros mundos, nessa peregrinação às áfricas interiores? “Se o mundo dos objetos palpáveis e vida prática, não é mais real que o mundo das ficções, dos sonhos e dos labirintos, então pode ser que o autor de artifícios verbais tenha mais direito à condição de demiurgo que qualquer outro candidato”, escreveu Samuel Titan Jr., falando sobre Borges..

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Marly Vasconcelos (Jarbas Junior)

Crônica nº 1 dos membros da ACL
(Escritora Marly Vasconcelos)


Sempre considerei adequado à poesia, esse nome de suave leveza azul. Li um poema dela, tinha adolescência na alma ainda, foi num livro de português da antiga oitava série ginasial. Apreciava muito tais compêndios didáticos, verdadeiras antologias de iniciação literária. Os da Magda Soares eram os meus preferidos. O texto de Marly figurava em versos livres admiráveis, de ritmo largo e vibrante como as vagas da Praia do Futuro. As metáforas fluíam espontâneas como em “profundamente” de Manuel Bandeira.