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terça-feira, 24 de julho de 2012

Aforismos (Hilton Valeriano)


46
Morte: insulto predatório ao encalço dos homens.


52
Para aqueles que foram felizes há um momento em que a morte se faz necessária.


53
O temor da vida: o irremediável.


59
Todos vivemos para a glória póstuma.


60
Nossas misérias tornam-se sempre pequenas quando delas retiramos o acréscimo de nosso egoísmo.


61
Poucos são capazes de admitir a pequenez que os caracteriza. Muitos são aqueles que acreditam na ilusão de sua grandeza.


63
Não há promessas nem alegrias gratuitamente consentidas.


71
A verdade nos aflige quando a mentira reivindica o direito de ser justa.


73
Seríamos trágicos se tivéssemos a consciência de todos os fatos.


90
As contradições da vida não justificam os equívocos de quem vive.

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Ó Allah (Mariel Reis)


(Jean-Auguste-Dominique Ingres: Odalisca e escrava)

I

Ó Allah, ela desperta do sono!
Estica-se para se livrar da armadilha
Invisível que lhe envolve os membros...
Sente o torpor no dorso branco
Qual o monte de açúcar
Com que adoço meu paladar.
Dirige o olhar frágil
Para a luz que fere delicada suas pálpebras
E não há palavras por vê-la renascendo
Para depois cair desfalecida de amor em meus braços.