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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Rudimentos (Pedro Du Bois*)


(Toulouse-Lautrec)

O corpo tosco, ideológico, a bebida
barata do bar da esquina, o olhar
inerte sobre a toalha: a lembrança
é mortalha viva do intelecto e o longo
caminho percorrido no alongar o físico;
o contato contamina o todo destinado
e aos ouvidos se rebelam sons inaudíveis;
repete o gesto com que bebe o líquido,
repete as vezes despretensiosas da saudade;
reafirma ao homem da outra mesa a incerteza
da sobrevivência: ideológico, destila o humor
esbranquiçado da verdade: o homem ao lado
faz de conta que não é com ele e bebe
aos santos de todos os sábados.
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(*Pedro Du Bois, Rudimentos 1, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com.br

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quarta-feira, 25 de julho de 2012

A propósito de um dicionário analógico em língua portuguesa (João Carlos Taveira)



Num mundo devastado pela mediocridade, pela violência, pelo egoísmo e — last but not least — pelos ditames de um sistema cada vez mais consumista e utilitário, em que o homem perambula sem norte e sem esperança à mercê da própria sorte, o surgimento de novas opções no campo da lexicografia, paralelas a um punhado de outras boas publicações na área da ficção e da não-ficção, é como um bálsamo, um refrigério para a alma daqueles que heroicamente ainda resistem.