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quinta-feira, 26 de julho de 2012

A síndrome de Bartleby (Franklin Jorge)



Enrique Vila-Matas escreve em “Bartleby e Companhia” sobre autores que, por algum motivo qualquer – absurdo, plausível ou inexplicável –, pararam de escrever de repente, em alguns casos depois de um grande êxito literário. A isto ele chamou de a “Síndrome de Bartleby”, numa alusão à célebre personagem de Herman Melville, o escrivão Bartleby, que deixa de produzir, quedando-se em seu emprego numa atitude contemplativa e respondendo invariavelmente com uma frase misteriosa àqueles que lhe mandam executar uma tarefa – Preferiria não o fazer.

Rudimentos (Pedro Du Bois*)


(Toulouse-Lautrec)

O corpo tosco, ideológico, a bebida
barata do bar da esquina, o olhar
inerte sobre a toalha: a lembrança
é mortalha viva do intelecto e o longo
caminho percorrido no alongar o físico;
o contato contamina o todo destinado
e aos ouvidos se rebelam sons inaudíveis;
repete o gesto com que bebe o líquido,
repete as vezes despretensiosas da saudade;
reafirma ao homem da outra mesa a incerteza
da sobrevivência: ideológico, destila o humor
esbranquiçado da verdade: o homem ao lado
faz de conta que não é com ele e bebe
aos santos de todos os sábados.
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(*Pedro Du Bois, Rudimentos 1, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com.br

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