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domingo, 23 de setembro de 2012

A OLARIA DO FILÓSOFO (Dércio Braúna)



A tarde é luz apurada
e sob telhados
repousam os barros da criação:

este, terra trabalhada;
e est’outro, oleiro,
barro da primeva criação.

O sol vai a meio
(não que se tenha partido,
só que vá a caminho de se pôr);

idem o homem, creio:
este sim, é um todo partido,
re-partido – barro que se fez ofensor.

Mas por ser indecifrável
na matéria humana boa parte,
são estas mãos, cardas e sem aprumos,

que têm, por inalienável
devoção, modelado por sua arte
o bem e o mal que somos

*Dércio Braúna é poeta, contista, ensaísta, autor de Metal sem Húmus e Como um cão que sonha a noite só. O presente poema foi extraído de O Pensador do Jardim dos Ossos.
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Hábil (Pedro Du Bois)





Hábil, rabisco verdades: levo o pão
sob o braço, comida faltante na mesa
do pai. Ofereço minha habilidade
desferida em tiros: atiro a esmo
nos cadáveres deixados. Vou
pelo caminho acrescentado
(no bolero reencontro os passos)
onde me encontro na habilidade
recíproca do renascimento.



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