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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O fim do mundo em quatro etapas (Nilto Maciel)





Fiz pedido esdrúxulo a quatro pupilas minhas: Camila Peçanha, Sofia Correia, Simone Farias e Manoela Ximenes. Para cada uma mandei recado curto: Venha ao colégio amanhã, às 14 horas. Assunto: fim do mundo. Vieram, assustadas. Conversamos a respeito de nós mesmos. Intrigada, uma delas quis dar fim ao mistério: Vamos ler A Guerra do Fim do Mundo? Dirigi-me à sala ao lado e trouxe quatro opúsculos: Leiam estes versos e voltem sábado, para a aula. E lhes entreguei, aleatoriamente, as seguintes obras: De viva voz, de Anderson Braga Horta; O cinza versos o azul, / O azul versus o cinza, de Marco Aqueiva; Uma prática para desconserto, de Sylvia Beirute; e Imanências, de Maria de Lourdes Alba. Expliquei: Será um sábado de poesia contemporânea.

domingo, 18 de novembro de 2012

Amar (Francisco Miguel de Moura)













Amar é viver no mesmo teto,
debaixo de uma telha só,
comer da mesma mesa
e até do mesmo prato,
 beber da mesma água
 e até do mesmo copo,
 dormir na mesma cama.

Amar é ser conservador:
viver cem anos iguais,
morrer devagarinho
à custa do vizinho.

Amar é costume.
Amar é necessidade.

É tão fácil amar humildemente,
aceitando, aceitando...
E ninguém sabe.

Escolher não pode.

(Do livro "Vir@gens", Ed. Galo Branco, Rio, 2001)

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