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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Os ossos (Daniel Mazza)














I

Do fundo do sepulcro os ossos falam,
Com seu silêncio de osso, eles falam,
O verbo é a imagem das suas tibiezas:
Eis o pó a que tudo se resume,
O pó, a essência última das coisas,
A substância alquímica dos deuses,
O segredo visível mas não visto.
E falam mais da vida que da morte:
Eis os ossos de reis e de rainhas,
Os ossos de grão-duques e de servos,
Os ossos dos primeiros e dos últimos...
São ossos iguais a ossos, ossos são
Não mais que ossos-irmãos: foram cozidos
De um mesmo barro e pelas mesmas mãos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Com os olhos (Inocêncio de Melo Filho)




 








Quando a fala não fala
Nem o falo penetra
Tento comer bem
Com os olhos.

Ao tempo

O tempo passou
Levou meus sonhos e as mulheres nuas
Que me possuíam sem pudor
Deixou em mim noites intermináveis
Com pesadelos certeiros
E uma forte convicção da sua existência. 


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