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sábado, 29 de dezembro de 2012

O feminismo negro de Paulina Chiziane (*) (Adelto Gonçalves)




(Paulina Chiziane)
               
Para João Craveirinha, pela amizade e pelos subsídios fornecidos para este ensaio.                                        
                                                           I         
Se a literatura escrita por mulheres já é um mundo diferente, abordado por ângulos que romancistas e contistas homens dificilmente veem, imaginemos, então, o que pode ser o mundo visto por uma mulher africana, moçambicana, ainda mais se é governado por costumes e tradições que nos soam estranhos. Esse estranho e mágico mundo é o que oferece em seus livros Paulina Chiziane (1955), a primeira romancista negra de Moçambique.
             

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Os ossos (Daniel Mazza)














I

Do fundo do sepulcro os ossos falam,
Com seu silêncio de osso, eles falam,
O verbo é a imagem das suas tibiezas:
Eis o pó a que tudo se resume,
O pó, a essência última das coisas,
A substância alquímica dos deuses,
O segredo visível mas não visto.
E falam mais da vida que da morte:
Eis os ossos de reis e de rainhas,
Os ossos de grão-duques e de servos,
Os ossos dos primeiros e dos últimos...
São ossos iguais a ossos, ossos são
Não mais que ossos-irmãos: foram cozidos
De um mesmo barro e pelas mesmas mãos.