Para D. Lúcia Dummar
Outubro de 2011.
Deixado um
apartamento amarelo, abri a porta do quarto da meninice na casa paterna. O seu
bafio me tomou o rosto, na tenção de imprimir-lhe o sorriso fácil da
ingenuidade, ao tempo que apontava-me o pó da ausência de tantos anos, de uma
história, dizia ressentido, adormecida.
Não me suportava
aquele quarto: escuro, quente, sujo e profundamente triste, porém tão cheio de mim
a assustar. Olhava à porta, sentia-me 20 anos mais jovem, assistindo meus pais
20 anos mais velhos. A surpresa de um futuro inesperado a todos. A ausência
devorando tudo.