Já
inúmeras vezes, repetia a mesma pergunta para sua esposa. Não havia visto um
conto que deixara sobre a mesa de seu escritório? Era impossível haver algum
canto da casa que não houvesse sido esquadrinhado. Por mais inadequado que
fosse o local, não deixou de procurar. Sabe-se lá o que o entorpecimento
alcoólico é capaz de fazer? Talvez a ânsia de não ser plagiado e a busca
irrefreada pelo reconhecimento o fizeram
esconder em local inacessível, que até ele mesmo não era capaz de conceber tal
esconderijo. Sabia da aversão e indiferença de sua mulher pelos livros,
sobretudo por tudo que fosse ligado a literatura, coisa que ela considerava de
somenos importância ou mero passatempo de desocupados. Aquele conto, entre
outras coisas, seria também capaz de mudar a opinião sempre depreciativa da sua
mulher que por anos perguntava: o que esta tal de literatura te traz de bom?
Por que ela não te ajuda a sair dessa vida de merda que levamos? Por que tu e
teus parceiros perdem horas e horas esvaziando garrafas e falando de um tal de
Kafka, um tal de Dostoi não sei o que, um
tal de Guimarães Rosas e outras criaturas de nomes esquisitos, me diga
pra quê? Dessa vez ela saberia. Até que enfim conseguira o que sempre sonhou.
Recentemente havia escrito o conto que sempre sonhara. Logo estaria fazendo
parte de antologias em todas as livrarias brasileiras e, talvez, em antologias
estrangeiras. Calaria a boca de muitos escritorezinhos que haviam publicado
alguns continhos em alguns jornalecos e se consideravam uns Tchekhov ou, no
mínimo, um Maupassant. Sabia que agora, sem a cegueira da auto-afirmação e sem
os arroubos do narcisismo, havia escrito o conto definitivo de toda sua vida
obscura de contista.
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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Lirismos e rapapés nas tardes do mundo (Nilto Maciel)
(Manuel Bandeira)
Estou em falta com Pedro Du
Bois, Carlos Nóbrega e Valdemar Neto Terceiro, meus amigos e colaboradores do
blog literaturasemfronteiras. São quatro publicações (duas de Pedro),
presenteadas ainda em 2012, porém lidas somente agora: A personificação da máscara (Balneário Camboriú/SC: Edição do
Autor, 2012) e Via rápida (Passo
Fundo: Projeto Passo Fundo, 2012), de Pedro Du Bois; Lápis branco (Guaratinguetá: Editora Penalux, 2012), de Carlos
Nóbrega; e Ipumirim soberbo (Fortaleza:
Expressão Gráfica, 2011), de Valdemar Neto Terceiro. Os três vates são quase
meus confidentes. Eu lhes mando lamentações (em prosa), eles me respondem com
poesia. Leio (talvez muito antes dos demais editores) suas composições. Nada
tenho a acrescentar ou a diminuir (como sugestão), e muito menos a mudar. Pois
são poetas da primeira linha.
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