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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A última cabra (Carlos Nóbrega)





                                             


                                            
                                                                    
Desde quando o sol é mundo
o sertão arde. São 3 h da tarde
E é tarde.
Uma família arrodeada de nada
não espera mais sob o azul sem sombra,
o azul profundo que não chega ao poço:
Nada chega ao poço.

As nuvens se retiram como o milharal se retirou.
Uma cabra se lembra da água
em sua própria boca.
A família a espreita,

e o tempo é comprido
como um dia de fome.

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sem saída (W. J. Solha)



(W. J. Solha)


Há poucos dias vi entrevista de Affonso Romano de Sant´Anna, em que ele falava sobre a situação da literatura brasileira contemporânea, com várias de nossas grandes editoras compradas por outras, europeias, todas tendo como meta colocar aqui seus autores, que já vinham com grande divulgação de seus países de origem. Claro que isso tem a ver com o fato de que há anos não consigo emplacar um livro numa delas, sendo que para ver publicados quinhentos exemplares, por A Girafa, de São Paulo, meu romance Relato de Prócula, que recebera uma das dez bolsas de incentivo da Funarte no ano anterior, tive de desembolsar dez mil reais. Confirmando que a situação da editora estava péssima, conforme me dissera o José Nêumanne Pinto, ela quebrou em seguida e seu estoque passou para a Escrituras. O Tarcísio Pereira, com seu excelente romance O Autor da Novela, obteve a mesma bolsa, dois ou três depois, e até hoje está inédito.