Translate

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O homem desoriental - VII (Mariel Reis)



 (Henri Matisse, A alegria de viver)



Ela desperta do sono
Coberta de pedrarias invisíveis
Vestida com a túnica sutil
Do meu desejo.

Os seios apontam para o horizonte
Com a ânsia de expandir-se;
O ventre de penugem escassa
Uma larga planície.

Lá semeio meu tesouro.

Ela desperta do sono
Coberta pela gaze fina,
As partículas do dia
Intrometem-se em sua pele.

O sol vem para sua companhia
Enquanto despede-se do resto de sono;
Ela brilha como as pedrarias invisíveis
Que lhe recobrem a nudez – sua única veste.

/////

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Eça de Queiroz, moralista ou devasso? (Adelto Gonçalves*)




I

Não foram poucos os críticos e leitores menos desatentos que viram em Eça de Queiroz (1845-1900) um misógino de mão cheia. Motivos não faltam ao longo de sua obra e mesmo em sua correspondência com amigos, especialmente com Ramalho Ortigão (1836-1915). De fato, em muitos de seus romances e contos, são freqüentes palavras pouco lisonjeiras que dirige ao sexo feminino. Sem contar que a suas heroínas quase sempre reserva um final trágico, talvez como forma de punição a quem não soubera superar ou controlar os furores do sexo.