Translate

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Pra onde foram os sensatos? (Assis Coelho)






É muito difícil de encontrá-los, mas ainda há aqueles que se lembram deles e até ainda os procurem. Este povo parece não ter se adaptado aos nossos costumes. Dizem que há alguns remanescentes vivendo entre nós; trata-se de lenda ou mais um dogma como outros que nos impuseram. Fala-se que este povo foi perseguido severamente por não fazer parte do rebanho que marcha indolentemente e submisso aos ditames da maioria. Há relatos de que este povo não acreditava no que lhes era pregado aos berros ou escrito em velhos livros sem uma investigação minuciosa até tornarem em teoria aceita provisoriamente. Há documentos confiáveis que indicam que este povo não cultuava nenhuma religião, pois as consideravam causadoras de litígios e separação e que também consideravam inaceitáveis o luxo e a pompa teatralesca dessas instituições, enquanto a maioria de seus seguidores morria de fome em casebres sem o mínimo para a sobrevivência. Os pesquisadores desse povo, certamente com poucos sobreviventes, tentaram, em vão, achar alguns deles em Tribunais ou Câmaras Legislativas. Insistentemente, continuam na busca frenética em algumas universidades, mas até agora a busca tem sido infrutífera. A vontade irrefreada de encontrá-los levou alguns pesquisadores a buscá-los até em lugares improváveis de encontrá-los, como nos quartéis. Seus buscadores não cessam a busca e têm acatado sugestões de algumas pessoas consideradas sábias e irrepreensíveis. Foram mais algumas decepções. Dizem alguns estudiosos que é impossível encontrá-los nas cidades abarrotadas de inutilidades massificadas tornando o cotidiano uma busca irrefreável do supérfluo. Muitos, como eu, já desistiram de buscá-los. Ainda há uns poucos que relutam em continuar nessa insana empreitada. Alguns acreditam na possibilidade de encontrá-los em algum lugar onde a vaidade e a soberba não seja cultuada. Isso tem dificultado, ao longo dos anos, o sucesso da busca. Outros têm direcionado a procura através dos campos, distantes do burburinho das cidades. Até agora não foram bem sucedidos.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Posto que o violão... (Clauder Arcanjo)












Posto que o violão
Acena saudade.
Posto que o cantor
Marulha saudade.
Posto que a noite
Cativa a saudade.

A tal saudade,
Violão da noite,
Encena marulhos,
E, posta, cativa-me.

clauderarcanjo@gmail.com

/////