Translate

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Os gregotins de Nilto (W. J. Solha)



Nilto,

A arte sempre fornece dois grandes momentos para quem a usufrui: aquele em que se lê o romance, vê o quadro, assiste a uma peça ou  filme... e, outro, em que alguém faz desse primeiro momento  uma análise tão acurada quanto bela. Você domina esses dois instantes. É sempre uma delícia ler suas estórias e um gozo ver o que diz das produzidas pelos outros.
Ao ler, agora, seu Gregotins de desaprendiz, uma constante nas suas resenhas me lembrou a frase de uma grande figura pessoense dos anos 60, quando cheguei à Paraíba: o professor de literatura da UFPB Juarez da Gama Batista. "Arte - me disse ele em sua casa - é o momento em que a pedra que atiramos pro alto para... antes de começar a cair". Os textos desse seu livro sempre têm esse momento em que a opinião se cristaliza e faz a sua surpresa. Apresento alguns:

domingo, 14 de abril de 2013

Apontamentos de volta (João Soares Neto)





1.       A menina, o pombo e a vidraça
Uma menina loura com pitó, tipo Pedrita, espanta um pombo a catar sobra de comidas. Ele entrou por alguma porta, pois não há janelas nesse barulhento aeroporto. Estou defronte a uma vidraça a exibir, em primeiro plano, as pistas em uso de pouso e decolagem com seus movimentos e ruídos. Em segundo plano, uma sequência de árvores ao pé de uma rodovia por onde veículos queimam combustíveis e transportam cargas, angústias, sonhos, esperanças, doentes e outros tantos desprovidos de desejos ou conformados com o desengano. Eu cá, eles lá, enquanto um branco avião corta o ar e logo se esfuma. Ia em direção à esquerda, mas não estou bem certo, pois não sei como fico em relação aos pontos cardeais. Pessoas ao meu redor leem livros, usam os telefones e nano transmissores para dar notícias a quem sequer pediu ou deseja recebê-las. Chove.