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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma consulta via Internet (Nilto Maciel)



Aqui e ali, me lembro de homens de letras aos quais não tenho ouvido mencionar. Faço interrogações: Você conhece fulano? Na maioria das vezes, nunca ouviram sequer o nome. Os mais velhos me deixam mais confuso ainda: Desse não me lembro, mas tenho boa lembrança de sicrano. Então citam o nome de quem só li uma ou duas vezes na vida. Os mais novos, a maioria, não sabem se estou a brincar ou a lhes fazer pergunta. Não, não sei quem foi esse Holdemar Menezes. Apresento-lhes A coleira de Peggy e A sonda uretral. Leio trechos. Ficam estarrecidos. E ninguém se refere a ele? Ninguém o reedita?

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Pequenas reflexões (fragmentárias) (Emanuel Medeiros Vieira)

(Com citações diversas...)


Para Adélia e Dorinha – irmãs e amigas
Para Letícia Arangue, Manairá Athayde (e André) e Carlos Mota (e Inêz)

Informam-me que uma pessoa muito amiga, muito amada e muito querida está à morte. Devoto-me às palavras mal rompe a aurora há mais de 50 anos: eu sei, elas não mudam o mundo. O que dizer? Mas a palavra tem uma força imensa: nós nascemos para ela. Somos, como dizia Lacan, “falesseres”. Seres da fala e prometidos à morte, ao falecimento. Alguém disse que a escuta tem uma função pacificadora, e é cada vez mais necessária no mundo globalizado em que vivemos. Salman Rushdie acredita que é “função do poeta: nomear o inominável, apontar as fraudes, tomar partido, dar forma ao mundo e impedir que adormeça”. Só haverá lugar para fala e para a escuta, se houver afeto. Afeto, segundo Freud, está no campo do prazer e do desprazer. O citado Lacan, por sua vez, traz o silogismo “amódio”, que junta amor e ódio. O que fazer? Fazendo! A vida seria aquele touro que, segundo o poeta Garcia Lorca, temos de enfrentar, nem que seja com o traje emprestado do toureiro, como disse alguém. Escrevemos porque acreditamos que isso dá sentido à nossa vida. Continuaremos escrevendo porque é também um modo de domar tormentos. O leitor não tem rosto. Mas insistiremos: não para sermos célebres, por dividendos pecuniários, por vaidade. Isso não tem importância. É preciso sentir organicamente a palavra para não poder viver sem ela. E continuamos. Viver é breve, efêmero. E continuaremos com a palavra, mal rompe a aurora – até.

(Salvador, maio de 2013)
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