Translate

segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Argila provisória" [Cântico aos que passam ou Uma fala ao poeta Francisco Carvalho] (Dércio Braúna)


Dandelion Textures - Aussiegall




Nossa fala é uma argila provisória
[FRANCISCO CARVALHO, Raízes da Voz, p. 151]



O que é este homem?:

suas circunstâncias?,
o grito voraz morto
em sua ganganta?,
o seu turvo gesto
que não finda?,
o vir-a-ser tumefacto
de um sonho
          preso entre
          os calos de sua mão
          encarquilhada?

O que é este homem
que há,
          agora,
          e,
          já amanhã,
não mais?

O que é esta "argila provisória"?,
que não sabe a que veio
e que contudo não cessa
seu dorido canto: aqui estou?



* Poema publicado na primeira edição de Kaya [ revista de atitudes literárias] http://kayarevistaliteraria.blogspot.com.br/


___________
Dércio Braúna [editor de Kaya] - é poeta, contista, historiador; autor de O pensador do jardim dos ossosA selvagem língua do coração das coisasMetal sem húmusComo um cão que sonha a noite sóUma nação entre dois mundos: questões pós-coloniais moçambicanas na obra de Mia Couto.
__________________

Os não-leitores de Moreira Campos (Nilto Maciel)


(Continuação)

 

Deve ter razão Anderson Braga Horta: “Será que os que não conhecem o autor vão topar?” Pois das centenas de pessoas a quem enviei o questionário apenas 15% responderam. 85% certamente não tomaram conhecimento de suas peças e, portanto, não quiseram mostrar o rosto. Além do mais, não é pecado nenhum não estudar Moreira Campos. Os corajosos (?) são poucos:

Astrid Cabral (Manaus, AM, 1936, reside no Rio de Janeiro): “Não conheço Moreira Campos, embora o nome me soe familiar. Nunca li nenhum livro dele. Talvez alguma(s) crônica(s)”.