(Enéas Athanázio)
Vez por outra, converso (ou brigo) com
Fábio Lopes. Ou vem à minha casa ou vou ao apartamento dele. Somos quase amigos
(e também quase inimigos), há alguns anos. Não alcançamos o grau superior da
amizade e talvez nunca isto aconteça. Também ainda não descemos ao pátio escuro
da derradeira luta: o duelo. Divirjo de alguns conceitos políticos por ele
defendidos. Na mais recente discussão, eu lhe dizia: “Os adolescentes discordam
de seus pais e das pessoas da idade destes e, por isso, são capazes até de
matá-los; assim mesmo, os amam, gostam (às escondidas) do que eles gostam (e os
admiram) e serão seus imitadores nos próximos dez anos e pelo resto de suas
vidas”. E dava exemplo: todo adolescente brasileiro (normal) dos anos 1960/70 preferia
rock, guitarra, Beatles, e detestava samba, pandeiro e Nelson Gonçalves. Dez
anos depois, aqueles meninos (quase todos) transformaram o rock em samba, a
guitarra em bandolim e passaram a escutar Nelson Gonçalves, Orlando Silva,
Vicente Celestino.