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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Rebanhos de letras em tarde casmurra (Nilto Maciel)



                                                      (Di Cavalcanti)


Vieram à minha casa cinco jovens: Camila Bulhões, Gisele Barbosa, Glauce Rocha, Natascha Silveira e Ruana Cardoso. São minhas novas alunas. Ainda se acham na fase inicial de mergulho nas águas da literatura. Na primeira aula, fiz algumas perguntas: Há livros destinados a servir de modelo literário? Quais deles podem ser assim designados? Falo no sentido de ser reproduzido por imitação. Camila indicou Iracema; Gisele, Dom Casmurro; Glauce, O guardador de rebanhos; Natascha, Poema sujo; Ruana, O nome da rosa. Sugeri um exercício. Cada uma tentaria decifrar obra por mim indicada e, na aula seguinte, voltaríamos a tratar do assunto iniciado naquele momento. Então procedi à entrega dos volumes por mim recebidos nos últimos dias de junho de 2013: A mulher do Neves, de Nelson Hoffmann, a Camila; Totem e as vanguardas dos anos 1960/70, de Joaquim Branco, a Gisele; Sorrisos de jovens nas periferias da vida, de Diogo Fontenele, a Glauce; Historinhas de gente grande, de P. J. Ribeiro, a Natascha; e Esse é o Homem, de WJ Solha, a Ruana.
E foram as garotas para suas casas e se perderam entre as folhas desses cinco papiros do século XXI. Sábado passado voltaram à minha sala e me deram cinco lições.

terça-feira, 2 de julho de 2013

O sertão de Riobaldo – 4 (Enéas Athanázio)


(continuação)

Riobaldo Tatarana, narrador de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, é um dos personagens mais curiosos da literatura nacional. Homem do sertão, encarna como ninguém o conhecedor daqueles ínvios dos Gerais mineiros e goianos, falando sobre eles com a precisão e a familiaridade de quem os percorreu em todas as direções, atento e interessado, observando e aprendendo. Também impressiona a imensa galeria de figuras que conhece, desde os coronéis senhoreantes até os mais humildes dos viventes sem nome: fulão, sicrão, beltrão e romão. E surgem então os mais desusados e estranhos nomes e alcunhas, revelando a portentosa imaginação criativa de Guimarães Rosa. É um livro tão amplo, repleto de fatos e figuras, que me parece impossível ao leitor, por dedicado que seja, apreendê-lo em toda sua grandeza.