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domingo, 28 de julho de 2013

O chileno (Paulo Lima)



Vejam que coincidência. Z anda para cima e para baixo com um Neruda debaixo do braço, está naquela fase vulnerável, vinte, vinte e um anos, quando amor e rebeldia se transformam numa química explosiva. Há pouco ou nada o que fazer na pensão em que Z vive. Tanto pior. O efeito Neruda pode ser ainda mais devastador para uma situação assim.
            

sábado, 27 de julho de 2013

Observação (Mariel Reis)









A cuia de arroz sobre a bancada.
Dois ou três bilhetes rabiscados:

O primeiro é ao vento com pés
Tão delicados que não afundam
Sobre a coberta esticada da cama;

O segundo é ao calor de mãos cálidas
Tão tênue quanto o vapor da chaleira
Com água em efervescência para o chá;

E o terceiro é à voz de corpo rarefeito
Tão diáfano quanto a neblina suspensa
Sobre o topo da montanha feito um chapéu.

Eles nada dizem de especial sobre nada
É apenas um bom exercício para as mãos
Manterem-se ocupadas enquanto a mente
Penetra à natureza em seus desvãos. 

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