Conheci
José Albano (a poesia dele) em meu tempo de descobertas (o mesmo tempo do
conhecimento da boa literatura, do marxismo, do sonho de ser livre e da fantasia
nos olhos das meninas). Quanto mais o alazão fogoso corria, mais livros se abriam
às minhas aspirações e mais pupilas se fechavam ao meu prazer. Então, em tarde
muito distante daquelas manhãs, lembrei-me de versista cearense devotado a
escrever em tons envelhecidos. Corri ao quarto dos fundos, onde vivem alquimistas
tão antigos quanto ele. Apanhei suas Rimas
(Universidade Federal do Ceará, 1997) e me entreguei à soletração de umas odes,
em voz alta: “Poeta fui e do áspero
destino / Senti bem cedo a mão pesada e dura. / Conheci mais tristeza que
ventura / E sempre andei errante e peregrino”. Então bateram à porta,
com impaciência de adolescente. Corri, cansado e sonolento, ao portão de metal.
Meti a cara no olho mágico: criatura talvez provinda da mais distante esfera espiava
para mim, súplice e bela como as donzelas de antigamente. E se chamava
Valquíria Monterosso. Trazia, nos braços, quatro feixes de papel: Luto doce, de Tatiana Morais; A liberdade é amarela e conversível, de
André Giusti; O senhor das estátuas,
de Pedro Du Bois; e Muitos caminhos e uma
vida, de José de Fátima Silva. Abri a porta e acordei definitivamente: a
moça me visitava pela segunda vez (a primeira se dera no início de julho) e os impressos
por ela trazidos eu lhe tinha emprestado. Quanto a José Albano, tinha nascido
em 1882, em Fortaleza, e se findara em 1923. Tão moço e tão trágico! E mais não
informo, que isto e muito mais estão nas brochuras e na Internet.
Translate
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Mumificação (Rocha Oliveira)
Não, não fora a prelo quando em
vida... Rejeitaram-lhe concursos e editoras. Não lhe citou a crítica e nem foi
lido – creiam-me – até mesmo pelos seus! E não se creia que assim foi por justa causa:
demérito da inabilidade. Já morto, é exumado das ruínas (mais remotas) de sua
própria geração. O exibem hora (defunto) qual relíquia; quando dantes era
escombro – entulho – craca! Toda a sua obra agora é póstuma. Enquanto homem,
era nada – um ninguém! Mumificado, é o mor dos ossos de seu tempo..."
Assinar:
Postagens (Atom)
TODOS OS POSTS
Poemas
(615)
Contos
(443)
Crônicas
(421)
Artigos
(371)
Resenhas
(186)
Comentários curtos
(81)
Variedades
(59)
Ensaios
(47)
Divulgações
(26)
Entrevistas
(24)
Depoimentos
(15)
Cartas
(12)
Minicontos
(12)
Prefácios
(9)
Prosa poética
(7)
Aforismos
(6)
Enquete
(6)
Diário
(5)
Epigramas
(4)
Biografias
(2)
Memórias
(2)
Reportagem
(2)
Aviso
(1)
Cordel
(1)
Diálogos
(1)
Nota
(1)
TEXTOS EM HOMENAGEM AO ESCRITOR NILTO MACIEL
(1)
Vídeos
(1)
Áudios
(1)