(Escritor Carlos Trigueiro)
Nos confins
paraibanos, rumos de Coitezeiras, Francisco, meu avô paterno, músico, encantou
um bilhete no sopro do clarinete. A
mensagem soprada varreu léguas, marcos, fronteiras e chegou a Parnamirim, terra
potiguar, onde vivia Maroca, minha futura avó. Maroca, com os olhos da cor do céu,
desencantou o bilhete musicado e não parou de cismar. A réplica levou a
eternidade de três luas no lombo de jegue amuado e montado por um abestado.
Depois de ler o bilhete de Maroca, Francisco botou o clarinete no ombro e o
berro no cinturão. Juntou seus teréns numa trouxa e cavalgou as léguas da
precisão. Até hoje ninguém sabe se Francisco pediu a mão de Maroca ou se Maroca
o agarrou pela mão. Sabido e comprovado é que, chegando ao litoral, arranjaram
bilhetes num veleiro e arribaram pro Norte da promissão.