Translate

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Propaganda enganosa: A cultura das mulheres lindas, jovens e magras (e “nórdicas”) (Emanuel Medeiros Vieira)


“Credibilidade é a única moeda válida neste vasto mercado repleto de ruídos”. (Pete Blackshaw)



Nos anúncios televisivos, as mulheres são quase todas magras, belas e loiras. É um padrão nórdico, mesmo que a propaganda seja veiculada na Bahia. Segundo uma pesquisa intitulada “Representação das Mulheres nas Propagandas de TV”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Data Popular, 65% dos 1.501 homens e mulheres de 100 municípios brasileiros ouvidos acham que o padrão de beleza feminino mostrado nos comerciais de TV é diferente da realidade. 80% das pessoas pesquisadas, acham que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas, quando o próprio IBGE mostra que 51% dos brasileiros se diz negro ou pardo. “Localmente falando, acho que é uma falta de alinhamento com a realidade étnica”, diz a publicitária Renata Schubach sobre comerciais baianos que usam modelos com traços nórdicos. Mais que isso: é uma mentira e uma “idealização” discriminatória. 84% concordam que o corpo da mulher é usado para promover a venda de produtos nas propagandas de TV. Para a socióloga Petilda Vasquez, as campanhas reeditam a cultura da mulher como objeto. “Essa ideia de só mostrar mulheres jovens, bonitas e com corpos esculturais é um traço discriminatório de uma sociedade que não lida bem com as diversidades culturais,” reforça. É claro que, numa sociedade mediática, que não estiver dentro do padrão vai se sentir pressionado. Mais ainda: frustrado, infeliz, fracassado. A socióloga indaga: o homem se sente mais viril dentro de uma Brasília amarela ou de um Camaro amarelo? Essa cultura está profundamente enraizada e internalizada na cultura global, do TER em detrimento do SER – e é profundamente danosa e mentirosa*.
___________
*Agradeço a jornalista Joana Rizério por ter bebido em muitas de suas fontes.
 /////

         



domingo, 13 de outubro de 2013

Bilhete de Dércio Braúna





Meu caro Nilto,

Se teu primeiro livro era “mirrado, de poucas páginas, capa de causar espanto, sem abas, cheio de erros tipográficos”, isso nos idos de 1974 [p. 177], impressiona o quanto de escrita a esse mirrado livro primeiro se juntou. A mim ao menos impressiona. Essa verve leitora-criadora de mundo (do mundo) que tens e que brota (o preto do signo gráfico no branco da página) a cada novo livro. Poderia mesmo confessar uma boa inveja dessa verve que não cansa.
Parabéns por mais essa bonita escritura. Tão bem cuidada. Tão bem intitulada: “Quintal do dias” é mesmo título de alma observadora, dessas que sabem captar o desfolhar dos dias que nos rodeiam (e nos consume, nos fina e finda, afinal de contas) ao mesmo tempo que sabe olhar-se a si (passe a redundância) e pacificar esse desassossego em escrita.
Muitíssimo obrigado pela gentileza da partilha de teu “Quintal dos dias”.

Grande abraço,
Dércio

/////