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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Crônicas de Nilto Maciel (Batista de Lima)




Nilto Maciel conseguiu a imortalidade literária sem se filiar a nenhuma academia. Com duas dezenas de livros publicados, transita com desenvoltura através de variadas gerações como líder intelectual de cronistas, contistas, poetas e pseudos. Disputa essa liderança com o contista Pedro Salgueiro numa concorrência que já os levou, em algumas ocasiões, a vias de fato. Entre as novas gerações, o contista de Tamboril leva certa vantagem, mas no cômputo geral o narrador de Palma leva a melhor, porque as gerações lhe batem continência desde os Oiteiros.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Propaganda enganosa: A cultura das mulheres lindas, jovens e magras (e “nórdicas”) (Emanuel Medeiros Vieira)


“Credibilidade é a única moeda válida neste vasto mercado repleto de ruídos”. (Pete Blackshaw)



Nos anúncios televisivos, as mulheres são quase todas magras, belas e loiras. É um padrão nórdico, mesmo que a propaganda seja veiculada na Bahia. Segundo uma pesquisa intitulada “Representação das Mulheres nas Propagandas de TV”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Data Popular, 65% dos 1.501 homens e mulheres de 100 municípios brasileiros ouvidos acham que o padrão de beleza feminino mostrado nos comerciais de TV é diferente da realidade. 80% das pessoas pesquisadas, acham que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas, quando o próprio IBGE mostra que 51% dos brasileiros se diz negro ou pardo. “Localmente falando, acho que é uma falta de alinhamento com a realidade étnica”, diz a publicitária Renata Schubach sobre comerciais baianos que usam modelos com traços nórdicos. Mais que isso: é uma mentira e uma “idealização” discriminatória. 84% concordam que o corpo da mulher é usado para promover a venda de produtos nas propagandas de TV. Para a socióloga Petilda Vasquez, as campanhas reeditam a cultura da mulher como objeto. “Essa ideia de só mostrar mulheres jovens, bonitas e com corpos esculturais é um traço discriminatório de uma sociedade que não lida bem com as diversidades culturais,” reforça. É claro que, numa sociedade mediática, que não estiver dentro do padrão vai se sentir pressionado. Mais ainda: frustrado, infeliz, fracassado. A socióloga indaga: o homem se sente mais viril dentro de uma Brasília amarela ou de um Camaro amarelo? Essa cultura está profundamente enraizada e internalizada na cultura global, do TER em detrimento do SER – e é profundamente danosa e mentirosa*.
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*Agradeço a jornalista Joana Rizério por ter bebido em muitas de suas fontes.
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