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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Literatura em cena | Fortaleza (Alan Santiago e Raphaelle Batista)



Em meio à escassez, a literatura

Com uma produção pautada no conto e na poesia, a cena literária de Fortaleza se afirma apesar das dificuldades do contexto editorial

Há um sentimento gregário que perpassa, desde muito tempo, a literatura do Ceará. Dos neoclassicistas Oiteiros, no início do século XX, ao modernista Grupo Clã, nos anos 1940, ou ao grupo Siriará, nos anos 1980, o escritor cearense tem necessidade de se unir. Esse gesto de aproximação não desaparece na produção contemporânea. Porque o que define essa tendência, antes de ser a afinidade artística, é a necessidade de desaguar contos, poemas, romances e conseguir ser reconhecido por esse trabalho.

Diante de um ambiente arredio e marcado pela escassez, em que tanto público quanto mercado não conseguem garantir a sobrevivência do escritor, a produção literária de Fortaleza surge o mais das vezes sob o signo do “mutirão”: escritores, unidos, fundam uma revista e assim mostram sua literatura. “A gente precisa entender a produção da literatura, da arte em geral, aqui, como um lugar da falta, em que você tem que estar o tempo todo insistindo, preenchendo esse lugar”, analisa o poeta e professor de literatura Carlos Augusto Lima, autor de seis livros.


Noite (Teresinka Pereira)















Começo a viver
cada noite, esperando
olvidar as tormentas
do dia.
Em alguma parte do mundo
sei que alguém traspassa 
o tempo com um vendaval
igual ao meu.
Eu só queria dar-lhe
minha mão companheira
nesta hora em que as sombras
ameaçam o próprio verso.
Mas escrevo.

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