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sábado, 9 de novembro de 2013

Inverno azul (Luiz Martins da Silva)




 










Dia de se ver o céu,
Inteiro, fita-de-enlace.

Espelho abissal irreflexo
De não guardar til que seja.

Bom revisitar agasalho
E, se mais houver, tenha abraços.

Dia a não medir transparências,
No esguio dos seres plasmados.

Azul assim desmedido
Encomenda aromas florais.

Sobre calçada de flores
Tapete em que o tempo resvala.


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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O pentear de cabelos (Caio Porfírio Carneiro)



                                                               
(Quadro de Edgar Degas)

Comprou o jornal na banca, como fazia todas as manhãs, e resolveu estender o passeio por outras quadras, além das habituais que percorria. Entrou numa rua de edifícios altos, silenciosa, poucos passantes. Descobriu, no alto da janela de um velho prédio, uma mulher olhando indiferente a rua, penteando lentamente os cabelos. Ficou olhando-a curioso e até sorrindo. Chegou à esquina e de lá ficou observando-a. Ela continuava, ar de devaneio, a pentear-se, em ritmo lento. Balançou a cabeça, sorriu, e tomou o caminho de casa.