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domingo, 10 de novembro de 2013

A escritura de Marcel Proust (Franklin Jorge)






A misteriosa irradiação do nome de Marcel Proust [1871-1922] –, desde a minha infância rural na Várzea do Açu – começou pelo uso afetivo e recorrente de um adjetivo que, aos meus olhos de menino inquieto e já dominado pela curiosidade intelectual, tinha o dom de recriar, num Fiat Lux!, o Paraíso na terra.

Esse adjetivo raro – não constaria de todos os dicionários – costumava ser empregado nos textos epigramáticos de Edgar Barbosa, um escritor ático que ao seu elegante estilo acrescenta a mutabilidade da literatura em suas decantações verbais da terra hereditária – o Ceará-Mirim –, guardiã dos ossos dos nossos antepassados e da memória de uma gente paciente e modesta dum burgo onde se forjou uma escola dedicada ao estudo, às letras e às artes da agricultura. Tradição que terá começado com o livro de Madalena Antunes Pereira, contendo as memórias de uma sinhá-moça, e continuou, após a morte de Edgar, com o escritor Nilo Pereira, Maria Lúcia Brandão e Sanderson Negreiros, gênios tutelares do Ceará-Mirim.


sábado, 9 de novembro de 2013

Inverno azul (Luiz Martins da Silva)




 










Dia de se ver o céu,
Inteiro, fita-de-enlace.

Espelho abissal irreflexo
De não guardar til que seja.

Bom revisitar agasalho
E, se mais houver, tenha abraços.

Dia a não medir transparências,
No esguio dos seres plasmados.

Azul assim desmedido
Encomenda aromas florais.

Sobre calçada de flores
Tapete em que o tempo resvala.


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