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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A sapiência do silêncio (Clauder Arcanjo)


(Quadro de Badida Campos)

Para Ítalo Gurgel

Sou uma caixa de paradoxos. Ao tempo em que o sangue quente, sempre e muito, se me avoluma na garganta e no peito, adoro ouvir o canoro assobio do silêncio. Bem como, em quase estado de êxtase, me deparar com um daqueles sujeitos que mastiga a paz com a doce inocência de uma criança a mascar chicletes.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O homem desoriental – XV (Mariel Reis)



Metade de nós está no presente
A outra permanece invisível no tempo;
Parte de nossa carne, poeira e vento
E a outra passa incólume à tempestade.

Metade atravessa o vale do esquecimento
Enquanto a outra arde em saudade,
Da parte que cai no desaparecimento
Uma nuvem de areia sobre a cidade.

Uma parte de nós é constância
Enquanto a outra, substância volátil;
Que fundida ao infinito do espaço
Alerta-nos de nosso breve trânsito.

ÓAllah, ensina-me o segredo do silêncio
Permita-me aceitar a minha morte,
Qual o truque de um mágico
Que me guardasse junto das coisas eternas.