Prenda de Reis (Luiz Martins da Silva)

 Santos Reis, queridos!

Vós que sois santos

E sábios em oferendas,

Eis minha dúzia de pedidos:

 Uma estrela-guia para algumas horas da vida;

Anjos da guarda auxiliares: lateral direito e lateral esquerdo;

Vagalumes para todas as noites, não somente as de verão;

Chuvas de meteoros comestíveis, uma por semana;

Rosas de ventos à prova de tempestades;

Dentes de leão fartos a todos os sopros;

Chuvas mansas para os meses mais secos do ano;

Caixinha musical movida a repertórios de dormir;

Travesseiro de plumas com flutuações oníricas;

Um cardume de peixes celestiais, dourados;

Pássaros encantadores de estórias em sua própria ornitolíngua;

Borboletas cerzidoras de arco-íris sobre pólens de flores nacaradas.

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A sapiência do silêncio (Clauder Arcanjo)

(Quadro de Badida Campos)

Para Ítalo Gurgel

Sou uma caixa de paradoxos. Ao tempo em que o sangue quente, sempre e muito, se me avoluma na garganta e no peito, adoro ouvir o canoro assobio do silêncio. Bem como, em quase estado de êxtase, me deparar com um daqueles sujeitos que mastiga a paz com a doce inocência de uma criança a mascar chicletes.